quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Estudo preliminar sobre a eficácia da terapia assistida por cães nos idosos

De Anabel Folch, Margarita Torrente, Luis Heredia e Paloma Vicens

RESUMO DO ARTIGO
Para os autores a terceira idade corresponde a uma fase da vida durante a qual aumenta a probabilidade de se desenvolverem problemas ao nível das diversas funções da pessoa, não só a nível biológico, mas também social, económico e cultural. Dentro destas funções, inclui-se a acuidade visual e auditiva, a lentificação psicomotora, dificuldades de atenção, problemas de aprendizagem e de memória. Para além disso, pode ainda ocorrer gradualmente a perca de identidade pessoal, relações interpessoais e de hábitos do dia-a-dia.
Todas as alterações anteriormente descritas levam consequentemente à perca da independência e à necessidade de algum tipo de assistência, existindo em alguns casos a institucionalização, ambiente bastante associado à solidão, perca de interesse por diversas atividades e sintomas depressivos. 
Sendo assim, o contacto com os animais torna-se importante, devido aos benefícios que proporcionam não só a nível psicológico mas também fisiológico, quando utilizados no âmbito das terapias assistidas. Vários estudos realizados em pessoas com demência, conseguiram concluir que este tipo de terapia permite promover o comportamento social, uma menor agitação motora, melhoram o funcionamento global da pessoa e reduzem a solidão. No entanto, estes estudos focaram-se numa população muito específica, sendo por isso que os autores do artigo em questão tentaram perceber quais os efeitos das Terapias Assistidas por Animais (TAA) em idosos sem qualquer tipo de deterioração cognitiva.
Para a realização do presente estudo, participaram 16 idosos (6 homens e 10 mulheres), sendo que metade participou numa intervenção semanal durante 12 semanas com um cão, enquanto a outra metade foi o grupo de controlo. O planeamento das sessões consistiu em: Nas primeiras 9 sessões, a pessoa deveria aprender, praticar e recordar um circuito em que era necessário realizar um conjunto de capacidades de adestramento do cão. Por fim, nas últimas três sessões, cada pessoa teria que conseguir realizar o circuito completo.
Com este estudo, os autores conseguiram averiguar que o grupo experimental, ao contrário do grupo de controlo, apresentou diferenças significativas nomeadamente em termos de memória a curto prazo, diminuição dos sintomas depressivos, bem como dos níveis de pressão sanguínea e do número de pulsações, indo assim ao encontro dos resultados obtidos em muitos outros estudos. Nestes, foi ainda possível averiguar que estas modificações não acontecem apenas quando a terapia é feita com um cão, obtendo-se resultados semelhantes quando esta é feita com golfinhos e gatos.
Posto isto, é então possível concluir que as TAA têm um efeito positivo nos idosos, não só ao nível psicológico mas também ao nível físico.

REFLEXÃO
Escolhemos este artigo pois a solidão nos idosos é um assunto bastante recorrente na nossa sociedade. Quase todas as semanas são apresentados casos ou estudos que demonstram que, cada vez mais, os idosos vivem sozinhos, sem qualquer contacto com familiares, amigos ou conhecidos. Pensamos que este é assunto que deve ser visto com seriedade pois, apesar de com o envelhecimento acabarmos por perder certas funções, não deixamos de ser pessoas que necessitam de companhia e de estar em contacto com o outro.
Tendo em conta a problemática, pensámos de imediato que seria pertinente colocar estas pessoas em contacto com animais, pois estes conseguem efetivamente fazer-nos sentir que não estamos sós e dão-nos um certo conforto.
Este estudo acabou por ir assim ao encontro da ideia que tínhamos sobre as TAA na população idosa. Para além disso, os autores apresentaram muitos outros estudos que apresentam resultados semelhantes, enfatizando assim a eficácia desta tipo de terapia nesta população. Sendo assim, achamos que seria pertinente a criação de projetos que permitissem o contacto entre idosos e animais, de forma assim a promover uma melhoria da saúde mental destes, das suas capacidades de comunicação, do seu nível motor e das suas funções orgânicas. No entanto, não podemos deixar de referir que o mais importante é o apoio e participação ativa da família na vida destas pessoas, quando tal é possível.

Bibliografia: Folch, A., Torrente, M., Heredia, L. & Vicens, P. (2016). Estudio preliminar de la efectividad de la terapia asistida con perros en personal de la tercera edad. Revista Espnõla de Geriatría y Gerontología. doi: 10.1016/j.regg.2015.12.001

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