domingo, 30 de outubro de 2016

PÚBLICO: "Cães terapeutas” ajudam a melhorar a auto-estima e a confiança

Esta notícia do jornal "Público" aborda um projeto de nome "Ladra Comigo", desenvolvido por duas profissionais da área da saúde, uma psicólogoa e uma gerontóloga, e cujo objetivo é através de cães terapeutas ajudar a melhorar a autoestima e confiança, bem como combater a depressão nas diversas faixas etárias.
A notícia apresenta um dia-tipo destas duas profissionais no Abrigo Nossa Senhora da Esperança (ANSE), onde a finalidade do projeto é ajudar a combater os estados depressivos, de ansiedade e solidão dos idosos da instituição, sendo aqui que entram em ação os cães terapeutas através de sessões de 45 minutos.
Alguns profissionais do ANSE foram também entrevistados e referem que os cães têm uma grande influência nos estados de humor dos idosos, sendo que estes ficam ansiosos com a vinda dos mesmos ao abrigo. Já quando os cães estão presentes, os técnicos referem que é bastante visível a felicidade e, por outro lado, a sua tristeza quando estes se vão embora.
“Eles influenciam o seu estado de humor e auto-estima. Fica logo mais comunicativa com a presença deles.” - Educadora Social do ANSE ao referir-se a Cândida de 92 anos.
Posteriormente, a notícia apresenta uma citação da psicóloga do projeto, a qual explica quais os benefícios de ter o apoio de um cão terapeuta durante as sessões:
“o animal é importante para promover o desenvolvimento social, emocional, físico e cognitivo” - Catarina Cascais, Psicóloga do projeto Ladra Comigo
Para além de todos os aspetos referidos, a presença dos cães permite ainda melhorar a capacidade de socialização e autoestima, o funcionamento cardiovascular e respiratório, permitindo ainda trabalhar a memória e interação. Neste sentido, uma das utentes refere também um benefício bastante importante destas sessões: a quebra da rotina e monotonia. 
O alivio de sentimentos de medo, solidão e isolamento, bem como a diminuição da perceção de dor, o aumento do nível de endorfina e a estimulação táctil, são mais algumas das mais-valias apresentadas.
“Os utentes transformam-se com os animais, ganham mais à vontade e autonomia. E repare que temos doentes com paralisia cerebral.” - Teresa Guimarães, presidente APPACDM
Seguidamente são apresentados dois casos que beneficiaram das sessões com os cães terapeutas. Um dos casos é Leonor de 6 anos, uma criança com autismo. A psicóloga refere que quando iniciaram a terapia, a menina não conseguia sequer pegar num lápis, algo que consegue fazer atualmente. Já a mãe, demonstra-se bastante contente com os resultados:
“Mas com os ‘cães terapeutas’ já comunica e passou a estar mais concentrada, calma. Tem uma grande necessidade de movimento, mas passou a conseguir estar mais tempo sentada.” - Sílvia Pereira, mãe de Leonor
O outro caso apresentado é o de Sofia (nome fictício) de 9 anos, uma rapariga que foi vítima de bullying pelos colegas de turma. Sofia tinha bastantes ataques de pânico porque não queria ir à escola. Para além disso, apresentava uma baixa autoestima e confiança, ao contrário do que acontece atualmente, uma vez que consegue desabafar e relaxar quando está na presença dos cães. A sua mãe confessa que ela já consegue inclusivamente defender-se dos colegas.
“tal como é preciso repreender o cão quando se porta mal, Sofia aprendeu que também o deve fazer com os colegas quando fazem algo injusto” - Clara Cardoso, mãe de Sofia
Para terminar, a notícia refere ainda que as fundadoras do projeto Ladra Comigo atuam ainda ao nível da educação assistida por cães, mais precisamente no ensino especial. Neste tipo de intervenção é também utilizado um animal pois facilita o processo de aprendizagem e educativo.

 REFLEXÃO
Do nosso ponto de vista um dos elementos mais importantes desta notícia é o facto de dar ênfase à opinião das pessoas que usufruem da terapia assistida por animais, isto porque, no processo terapêutico o cliente tem ser o centro da nossa atenção e é ele quem será capaz de nos informar se os métodos que estamos a adotar vão ao encontro daquilo que ele quer para si e daquilo que lhe faz sentir bem. Sendo assim, se for necessário, devemos adotar estratégias e formas de intervenção às quais não estamos acostumados, pois mais importante do que ficarmos satisfeitos por o nosso modo de intervenção ter permitido atingir o resultado que pretendíamos para aquela pessoa, é que todo o processo que levou a esse resultado tenha sido satisfatório e prazeroso para o cliente.
Outra opinião também importante é a dos familiares. Geralmente a família é parte integrante do processo terapêutico, sendo assim, é importante que eles possam perceber e observar os resultados que a terapia pode ter na vida do seu familiar. 
Achámos particularmente importante o caso de Sofia, pois o bullying é algo bastante presente nos dias de hoje nos diferentes contextos de vida das crianças e jovens (e.g. escola, internet, etc.). Num mundo onde troçar dos outros se tornou tão banal, muitas vezes esquecemo-nos dos efeitos que este tipo de atitude pode ter na vida de uma pessoa. Como tal, saber que existe um tipo de terapia que consegue de alguma forma desvanecer um pouco as marcas que ficam dos episódios de bullying é sem dúvida gratificante, principalmente quando une a pessoa e um cão, um ser vivo que ainda é considerado por muitos como sendo um mero objeto e que, na verdade, consegue nos transmitir tantos sentimentos positivos e mudar tanto na nossa vida.

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