Hoje em dia a utilização de animais em atividades e
intervenções junto dos Homens é cada vez mais comum, tornando-se importante
entender as principais diferenças entre Atividades Assistidas com Animais (AAA)
e Intervenções Assistidas com Animais (IAA), assim como quem pode intervir em
cada uma (Vaccari e Almeida, 2007).
As Atividades Assistidas com Animais (AAA) não têm
um objetivo terapêutico, são informais e utiliza-se o binómio animal/humano com
fins educacionais, motivacionais e recreativos, no entanto não requer formação
específica na área da saúde, educação ou do serviço social (Vaccari e Almeida,
2007).
Segundo Vaccari e Almeida (2007), a Intervenção
Assistida com Animais (IAA) tem como finalidade proporcionar benefícios
terapêuticos, com objectivos específicos e a participação ativa de animais na
saúde e educação do Homem. Esta intervenção pode dividir-se em Educação
Assistida com Animais (EAA) e em Terapias Assistidas com Animais (TAA), sendo
que aprofundaremos maioritariamente esta ultima vertente.
A EAA
tem como objetivo melhorar o sucesso académico, as capacidades sociais e a função
cognitiva do cliente utilizando o animal no processo terapêutico. É uma
intervenção onde se definem medidas e metas, necessitando de constante
avaliação da evolução do individuo. Pode ser exercida por profissionais da área
da educação e/ou da saúde (Vaccari e Almeida, 2007).
Terapias
Assistidas por Animais (TAA)
A TAA é definida como uma intervenção orientada, em
que um animal é inserido no processo terapêutico como coterapeuta do
profissional, onde esta introdução é projetada como uma alternativa mais lúdica
de atingir resultados considerados difíceis, tendo como objetivo desenvolver as
funções físicas, cognitivas, comportamentais e/ou sócio-emocionais do individuo
(Anderson, 2004 cit. in Joseph, Thomas e Thomas, 2016; Nimmer e Lundahl, 2007 cit.
in Joseph, Thomas e Thomas, 2016; Dotti, 2014 ; Joseph, Thomas e Thomas, 2016; Animal
Therapy, s.d.).
É aplicada por profissionais devidamente
habilitados, quer da área da saúde, quer da área da educação e estes devem ter
experiência em relação às aplicações clinicas da interação homem-animal (Dotti,
2014 ; Animal Therapy, s.d.).
Nas TAA, são formulados e planeados objetivos e
critérios, que são dirigidos e estabelecidos para o paciente, de modo a
desenvolver e promover a sua saúde física, competências sociais e emocionais e
as funções cognitivas. É um processo terapêutico formal, que pode ser desenvolvido
em grupo ou individualmente (Vaccari e Almeida, 2007; Dotti, 2014 ; Joseph, Thomas e Thomas, 2016; Animal
Therapy, s.d.).
Dotti (2014), Vaccari e Almeida (2007) e Joseph, Thomas e Thomas
(2016) referem ainda a importância da
realização de relatórios, para que haja controlo periódico sobre o
desenvolvimento do paciente.
É utilizada uma grande variedade de animais nesta
vertente terapêutica, sendo os mais comuns os animais domésticos, animais de
quinta e mamíferos marinhos. No entanto, para que a intervenção seja possível, o
animal deve satisfazer critérios específicos pelo que são realizados testes
quanto ao comportamento, obediência, socialização e aptidão, que são
reavaliados constantemente (Joseph, Thomas e Thomas, 2016).
A escolha do animal
para a intervenção tem em conta a perspetiva do paciente e as suas necessidades
(Animal Therapy, s.d.).
Dotti (2014) aponta
que existem dois efeitos que devem ser tomados em consideração, nas TAA:
1. Os efeitos do animal sobre o paciente – aspetos
físico e mental – podem ser analisados e dirigidos aos objetivos, necessitando
do acompanhamento de um técnico;
2. Os efeitos emocionais e sociais podem surgir de
forma espontânea, muitas vezes apenas devido à presença do animal. Este aspeto
pode resultar numa independência do primeiro efeito referido.
Serpell (2006 cit.
in Altschiller, 2011) refere que existem alguns aspetos que o terapeuta deve
ter em conta aquando a aplicação das TAA. Estes aspetos são relativos às
questões éticas associadas a este tipo de terapia, uma vez que esta não deve
ser apenas benéfica para a pessoa mas também para o animal. Sendo assim :
- Os próprios terapeutas devem ter conhecimentos relativamente às necessidades sociais dos animais e aos seus comportamentos, de forma a permitir que estes tenham um certo nível de controlo relativamente aos estímulos do envolvimento que recebem;
- É importante os terapeutas perceberam que o facto de os animais estarem em contacto com pessoas que desconhecem pode ser indutor de stress, sendo assim necessário reconhecer os sinais associados a esta resposta fisiológica;
- Animais que não sejam domésticos não devem ser utilizados nas TAA a não se rem casos excepcionais;
- Os programas terapêuticos que utilizam golfinhos não são éticos ;
- Durante o processo de treinamento do animal o stress deve ser reduzido ;
- É necessário um maior reconhecimento dos animais que não têm raça definida, uma vez que estes podem ser tão ou mais benéficos que os animais de raça ;
- Deve existir uma maior preocupação relativamente à construção dos equipamentos utilizados pelos animais e locais em que estes habitam ;
- Continuar a realização de programas educacionais para os terapeutas de forma a garantir que estes tratam o animal de forma adequada.
Bibliografia:
- Animal Therapy (s.d.). What is AAT/AAA? Consultado a 15 de Dezembro de 2016, em http://animaltherapy.net/what-is-aataa/
- Altschiller, D. (2011). Animal-Assisted Therapy. Greenwood
- Dotti, J. (2014). O que é A/TAA?. In J. Dotti (Eds.), Terapia e Animais. (29-38). São Paulo: Livrus Negócios Editoriais.
- Joseph, J., Thomas, N., & Thomas, A. (2016). Changing dimensions in human–animal relationships: Animal Assisted Therapy for children with Cerebral Palsy. International Journal Of Child Devlelopment And Mental Health, 4(2), 52-62. Retirado de https://www.tci-thaijo.org/index.php/cdmh/article/view/65916
- Vaccari, A. M. H., & Almeida, F. D. A. (2007). A importância da visita de animais de estimação na recuperação de crianças hospitalizadas. Einstein, 5(2), 111-116.
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